sábado, 5 de fevereiro de 2011

Na visão do pai, um Neymar de jeito moleque e obcecado por futebol



Quem é Neymar aos 19 anos? São muitas as descrições possíveis, e talvez uma das mais valiosas seja a de seu pai. Com a proposta de saber quem é este atacante de cabelo "moicano" e futebol de craque na visão de quem está mais próximo, o Terra almoçou com Neymar da Silva Santos na véspera do aniversário do garoto que já virou uma celebridade.
No restaurante próximo à região central de Arequipa, cidade onde o filho está concentrado com a Seleção Brasileira para a disputa do Sul-Americano Sub-20, o pai coruja revelou com os olhos brilhando um filho obcecado por futebol e com um espírito "moleque", condizente com a sua idade. Tanto com suas diversões fora de campo, como por sua postura quando a bola rola.
Um moleque no bom sentido. Alguém que tenta levar para campo um futebol insinuante, irreverente, que pode até passar uma impressão errada de descompromisso. "Temos que colocar para ele não perder essa qualidade. Quando o jogador não tem essa responsabilidade, facilita. Eu tento manter ele sem responsabilidade nenhuma. O Neymar tem que se importar em ser feliz por jogar futebol e ser alegre naquele momento."
Com todo o exagero que um pai protetor e encantado pelo filho possa cometer, Neymar da Silva Santos mostrou algumas facetas que batem com a impressão deixada durante a longa concentração no Peru. Neymar passa a maior parte do tempo livre jogando futebol no videogame. Não desgruda da internet e suas redes sociais e na véspera de comemorar seus 19 anos brincou de carrinho de controle remoto.
Quando chega a hora de treinar, Neymar sempre é o último a deixar o campo. Sempre arruma companhia para bater faltas, testar novos dribles, como se aquilo fosse um ensaio para uma "pelada". Suas preocupações parecem não estar além de jogar futebol e se divertir.
Veja como Neymar é visto pelo pai.
Jeito moleque
"Essas são as coisas dele, não adianta (jogar videogame, brincar de carrinho de controle remoto...). Mas é natural do ser humano ter mais responsabilidade aos poucos. O Neymar ainda tem a faixa etária a ser assumida. Ele é precoce em alguns momentos, mas eu como pai tenho que ter a responsabilidade de fazê-lo viver essas faixas etárias normalmente, para que ele possa ser cobrado. Cobro muito dele, mas tenho que dar essa margem para ele ser o Neymar de 18, 19 anos, que seja um garoto normal como qualquer um".
Infância
"Qual era a maior ambição do Neymar como garoto? Ter um campinho de futebol. Era ter um adversário, ter jogadores para brincar. Ele fazia isso. Brincava com as priminhas, fazia uma equipe de meninas contra os meninos... Quando não tinha moleque, colocava a tia e o tio para jogar, ele queria jogar futebol. Era o sonho dele. Não tem como almejar mais se ele faz isso. O Santos tem que dar o campo e a oportunidade de jogar futebol. Se não fosse profissional, ele seria um garoto que em todos os dias jogaria a peladinha de manhã, tarde e noite. E ele agradece por ter isso de uma maneira profissional".
Peladeiro
"A gente conseguiu fazê-lo chegar a esse momento porque ele resgata o futebolzinho de rua. Hoje tem grande jogadores que foram criados nestas peladinhas, por isso que eles têm essa simpatia pelo futebol, pela brincadeira. O Neymar consegue levar isso para dentro de campo, de forma profissional, mas a gente orienta para que ele não perca essa felicidade."
Paixão pelo futebol
"Ele abandonou tudo isso para jogar futebol (benesses que viriam com a transferência para o Chelsea). A alegria dele era jogar pelo Santos. O Santos já estava dando o campo, tudo que era escolha dele. O Neymar já estava feliz aqui. Tinha o campo, o jogo de camisas, a bola... Talvez vem daí a dificuldade de qualquer equipe do mundo de levar o Neymar. Se ele abandona pai, abandona mãe, abandona namorada, carros, aquilo que ele gosta.. Porque ele tem maior amor por jogar futebol."
Neymar fora do Brasil
"Lá ele também teria o campo de futebol e a bola. O Neymar começou garoto, com 16, 17 anos no futebol, e talvez não falasse a mesma língua dos adultos. Mas ele jogou normalmente porque tinha a bola e tinha o campo. Se outro time de qualquer lugar der as mesmas condições, ele vai jogar também. Daí entra a gente que está por trás, o Santos Futebol Clube, entra quem quer realmente o futebol do Neymar. Quando vi que era o momento do Neymar era ficar, perfeito. Se o Brasil continuar mantendo a alegria de ele ficar aqui, vai ficar."
Novas responsabilidades
"Com o tempo isso (espírito brincalhão) vai mudar. O Neymar vai ter uma namorada, uma família, sair do treino mais cedo para ver o filho... Enquanto podemos permitir que ele tenha essa paixão grande pelo futebol, vamos permitir."
Presente de aniversário
¿Ele pediu um presente caro, mas estamos conversando. Há metas para alcançar. Ele quer trocar de carro e a gente está tentando ver o que pode oferecer.¿
Ídolos
"Acho que é como um drible. Não pode ter um drible só. Tem que pegar do Zico, do Sócrates, do Romário, aqueles que impactaram com ele. Ele fala que fez um gol de Luis Fabiano. Daí ele faz outro e fala que do Ronaldo. O Neymar é tão complexo que generaliza tudo."
Garrincha
"(Fiz a comparação) Pela característica de ele não fazer questão se o adversário é grande ou pequeno. Joga sempre da mesma forma. O comentário não foi para igualar ele a ninguém. Pelo menos nas histórias que contam, o Garrincha não se preocupava, ele sabia que era mais um. (A comparação) é pelo fato de ele jogar futebol independente se um adversário é com pouca ou muita qualidade. Isso não o é falta de responsabilidade, é conseguir viver sem cobranças."
Mudança
"Ele pode ter essa falta de cobrança de saber quem é, mas a gente coloca que é bom, que soma saber quem é o adversário. Temos que colocar para ele não perder essa qualidade. Quando o jogador não tem essa responsabilidade, facilita. Eu tento manter ele sem responsabilidade nenhuma. O Neymar tem que se importar em ser feliz por jogar futebol e ser alegre naquele momento."

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